domingo, 18 de maio de 2008

Extratos Brasil - Ex Tanino Mimosa

Extratos Brasil está parada, mas funcionários devem receber até terça - FEVEREIRO/2005

Éder Romeu Kurz

Alcindo Henrique Kontz mostra as contas de luz e água vencidas

Os cerca de 50 funcionários diretos da Extratos Brasil passaram mais de 5 horas em frente ao portão da empresa nesta sexta-feira. A expectativa era receber o salário dos meses de janeiro e fevereiro. Após mais de 3 horas em reunião com uma comissão de seis trabalhadores, o diretor Valter Graebin e o gerente administrativo, Mário Luiz Melero, informaram que o dinheiro não seria pago. "Não conseguimos montar a folha de pagamento", disse Melero.

Para arcar com as dívidas com os trabalhadores, que chegam a R$ 35.000,00, a empresa resolveu vender duas máquinas. Um Misturador em Y, que junta o pó, no valor de R$ 60.000,00, será vendido por R$ 20.000,00. "Foi o valor acertado com a comissão dos trabalhadores", afirmou o gerente. A máquina deve ser repassada a uma empresa de Estância Velha, que já demonstrou interesse. O outro equipamento é um misturador líquido, que deve sair por R$ 30.000,00. Segundo Melero, as máquinas não são essenciais para a empresa trabalhar.

Além desse dinheiro, a empresa aguarda um financiamento junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) - órgão ligado ao Governo Federal - encaminhado em setembro, que ainda não saiu. "Estava esperando que saísse até o dia 15 de fevereiro. Assim, poderia pagar os salários dia 18, como foi prometido", ressaltou Graebin. Sem conseguir o dinheiro, o prazo de pagamento havia sido prorrogado até esta sexta-feira. "Temos ainda 15.000 títulos endossados de clientes para receber dia 20 de março", revelou Melero.

O gerente garantiu que a Extratos não irá fechar as portas. Ele disse que a estiagem tem prejudicado a produção de tanino, para curtimento de couro, e líquido para o tratamento da água na cidade de Rio Grande. A empresa está parada desde o início do ano. "Por semana, são necessárias 180 toneladas de casca, mas, hoje, só conseguimos a metade", conta Melero. A dívida da Extratos com trabalhadores e fornecedores chega a quase 2 milhões de Reais. O patrimônio é estimado em cerca de 6 milhões de Reais.

Trabalhadores estão indignados com a situação
Ao todo, a Extratos Brasil possui cerca de 50 colaboradores diretos e 200 indiretos. Hoje, a empresa, situada no bairro Aeroclube, está com as máquinas paradas. Nos últimos 60 dias, os trabalhadores só receberam 27% do salário. O restante, 73%, seria pago dia 18 de fevereiro. Porém, sem dinheiro, os diretores transferiram o pagamento para esta sexta-feira, o que também não ocorreu.

O auxiliar de produção Lucimar Junges da Silva, 29 anos, recebia R$ 480,00 por mês. Há um ano na empresa, conta que, pela primeira vez, ficou sem dinheiro. "Eles só enrolam a gente. Não dão nenhuma satisfação concreta de porquê não pagam", reclamou.

Sem filhos para criar, Junges ainda se encontra longe da situação vivida pelo operador de empilhadeira e tratorista Paulo Roberto Lopes Reis, 38 anos. "Tenho três filhos para cuidar. Ficam dizendo que é semana que vem, depois passa para outra e assim vai", criticou, lembrando que está com o aluguel atrasado por falta de dinheiro. A jornada de trabalho na empresa é de 7h20min, com 40 de intervalo.

Para o operador de automatização Alcindo Henrique Kontz, 23 anos, o principal problema são as contas। "Estou com a luz e água vencidas", afirma. Reunidos com o presidente do Sindicato dos Químicos e Farmacêuticos de Montenegro, Nelson Luiz Vargas da Silva, os trabalhadores decidiram esperar até terça-feira. Caso o pagamento não saia, quarta-feira, eles entrarão com uma ação coletiva na Justiça do Trabalho contra a Extratos.


Trabalhadores ouviram atentos as explicações dos diretores da Extratos


Ano 22 - edição 2594 | Montenegro. Edição de sábado à segunda-feira, 26 de fev। de 2005 à 28 de fev. de 2005.

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